domingo, 14 de outubro de 2012

É a dor que deveras sinto e ponto.



Comecei a escrever bem pequena, sei lá... com 8 anos. Era um misto de descoberta e isolamento do mundo real. Umas rimas toscas, algumas ainda continuam. Não gosto de poemas, não os meus. E há até um tom de constrangimento quando gostam deles. Contraditoriamente ao alguém demonstrar isso há um sentimento de vaidade embutido, enlatado em mim. Se eu pudesse faria canções, notas musicais são mais certeiras e belas que palavras. Entretanto, não escrevo para embelezar o mundo, ou despertar qualquer sentimento semelhante. Escrevo pra não me entregar ao abismo desta vida-morte que é existir. Isso é bizarro porque traduz minha relação utilitária com as palavras, é um jogo de manipulação para impedir a loucura, ou quem sabe até suportar viver nela.
Em todo caso, se me cabe algum conselho, quando os seus filhos estiverem fazendo um poema que fale deles mesmos, ponham-os de castigo jogando futebol ou brincando na praça. As palavras podem ter efeitos devastadores na vida de uma pessoa. Pode impedir que eles sintam a vida, e fiquem nessa obcessão pra nomear tudo o que sentem.
Bem, se fosse pra eu ser poeta, aqueles de verdade falaria sobre a vida embaixo do cobertor na esquina da minha casa, o japonês já velhinho tentando se matar enquanto as pessoas continuavam seu almoço calmamente, as maravilhas que o Neymar vem fazendo com a bola, os terrenos da paixão do homem. Todavia (e eu pobremente ainda utilizo as clássicas conjunções adversativas aprendidas na escola), falo só de mim, sinto vergonha desse egoísmo disfarçado de beleza. Já não sei ser de outra forma. Espero aprender a ser, entre as possibilidades de reinventar-se espero poder virar poeta. Se não conseguir que ao menos encontre outra forma mais nobre de barrar minha sagrada loucura da sanidade.

Sem mais,

quem escreve neste blog.



Nenhum comentário:

Postar um comentário