sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Ao meu pai

Não... Ele não me pegou pela mão.
Nem me disse que estava na hora de voar.
Eu não quis.
Não queria me desfazer da segurança das grades,
do alcance da comida, do público certo pro meu cantar.
Mesmo assim me expulsou da sua vida,
retirou a gaiola, ignorou meu canto.
Deu as costas e se foi.
Desde então eu tenho ido, como ofício.
Procuro ele e não encontro, mas não desisto.
Vez em quando penso vê ele aqui ou acolá.
É pior, porque dói quando não é.
Hoje estou pensando desistir de procurar.
Aceitar que dói e pronto, não tenho gaiola mesmo.
Acho que já nem preciso.

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