domingo, 27 de outubro de 2013

Ciência

O ar acaba a cada segundo,
impaciência.
Segue a vida e a história.
Agora é olhar o mundo,
viagem.
Juntar tudo que preciso,
deixar o que atrapalha.
Já que não se proíbe dor,
parto em busca da cura.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mas, vou cantar pra não cair


Inesquecível


Cabia a saudade da minha mãe, dos meus irmãos e amigos.

Entretanto, era diferente como sempre haverá de ser.

A disposição dos móveis encaixava-se no teu olhar,

e na sequencia de cenas era o meu que deleitava-se.

 

Podia se mover para separação ou união.

A angústia da espera pela mensagem,

os sons que se cruzavam,

a habitual resistência aos compromissos,

os outros, os sonhos, as entrelinhas.

 

E cada qual segue sua vida.

Amor que não cabe, amor que rompe.

Saudade-solidão, dúvida-decisão,

binômios do neologismo necessário a cada história.

Inesquecível.
 
 
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fazendo as pazes com o cigarro

Tantas vezes escuto os malefícios do cigarro, tanto a curto, médio e longo prazos. A gente já começa a fumar assumindo que pode parar, afinal faz mal. Não pensamos nisso ao comer um doce com alto teor de açúcar, ainda que tenha um peso de comer, essa prática não é condenada, não inicia como uma briga contra os desejos e se depois se torna todo o mundo condena.
Nunca vi nenhum psicólogo falando com o paciente sobre o sentido e o significado de fumar com o objetivo de continuar fumando. Quando fumar se torna um problema? Para o ministério da saúde desde quando se ascende o primeiro cigarro. Mas não é isso o que os tradicionais espaços de socialização falam, afinal baladas são sinônimos de ver pessoas fumando e fumar, aquela pausa no trabalho para fumar pode ser o tempo necessário para não surtar.
Fumar pode causar câncer e problemas pulmonares e cardíacos, na verdade pode aumentar as chances. Assim como os alimentos, os desprazeres da vida, a falta de atividade física... A questão é como queremos cuidar de si mesmos. Penso que a maior descoberta na vida de alguém é descobrir os limites, as satisfações, desprazeres e os sentidos da própria vida. Se é o cigarro que traz algo importante que seja, ao menos aumenta-se os "radicais livres", ao menos eles são livres, já que nós não somos.

sábado, 12 de outubro de 2013

Malandragem


                  Um dia de "cafés da manhã". Cada vez mais atrapalhada, esquecida, complicada. A bagunça impera em minha casa, quase como se não a habitasse, não consigo. O retrato do caos interno que vivo e faço um péssimo julgamento, mas eu não consigo arrumar. Parece que o Freud falou que precisamos amar para não adoecer, eu queria tanto saber o contexto desta frase. Pois ao que me parece esse amor que sinto não me serve de nada a não ser adoecer. Não é fisicamente, eu nunca tive tantos cuidados com meu corpo. Mas penso que isso deve ser apenas um passa tempo redutor de danos, afinal correr e comer bem melhoram o meu quadro crônico de angustia no peito. Paliativos para as dores emocionais.

                Ao final da tarde retomei algumas lembranças. O som, os cheiros, os músculos, as expressões, as sensações. Tudo isso está aqui, como prova que eu deixei escapar. É passado, e o mais doloroso é ter que aceitar isso. A angústia de ser tão feliz me levou a fugir, tinha que haver algo errado, como não tinha eu apenas criei uma sequencias de coisas erradas. O exílio no medo, o conforto de pensar que outra pessoa certamente o fará mais feliz que eu (sempre foi assim). A responsabilidade de fazer alguém feliz que eu me impus. Eu provoco meu próprio abandono, porque simplesmente gosto de sofrer. Porque essa dor é perfeitamente administrável e revisita-la é como me esconder na infância, no escuro, naquele lugar seguro onde estou só e não há ninguém para me decepcionar e o melhor ninguém que eu decepcione. E porque agora é diferente? Porque não escrevo mais um poema com meia dúzia de palavras que em 30 minutos eu não vou mais lembrar? Porque pela primeira vez consegui enxergar meus movimentos.

                Essa consciência é insuportável. Entre outros motivos pelo simples fato de sentir a falta dele. Com outros existia dor, mas simplesmente passava. Eu vejo várias amigas minhas tão corajosas se casando, repletas de dúvidas expressas em seus rostos, mas que se minimizam pela audácia de simplesmente viver um amor. As surpresas e o tédio do dia a dia, a partilha das histórias, as diferenças, brigas e tudo isso que eu suponho que seja o amor.