quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ah, o amor...

                   Essa palavrinha esquisita, cheia de significados e ao mesmo tempo vazia. É sobre isso que desejo falar. Penso que onde há interesse há amor, mas quando este se torna demasiado vira obsessão. Mas como aferir os limites entre um e outro? Só experimentando diversos amores. E quando o amor vira obrigação? Diante da perda quase que completa do interesse. Ambas situações, obsessão e obrigação, revelam as faces da moeda que nos impõe estar com uma pessoa. Me pergunto se tudo não pode ser mais leve, não no sentido promiscuo, mas leve na sinceridade, na ausência de medo da perda. Há tantas coisas para se sentir medo na vida, eu por exemplo tenho medo da morte de pessoas queridas, de perder meu emprego, de pontes e de cachorros. Por que eu tenho que me relacionar com alguém para ter medo que ela não goste de mim? Parece que é estabelecida uma relação de endeusamento em relação a outra pessoa, como se alguma característica ou atitude fosse um pecado pago com o distanciamento do ser "amado". O inverso também  é verdadeiro, ser endeusada também não é nada fácil, são expectativas inalcançáveis lançadas por alguém que em algo momento despertou algum interesse. Se o interesse acaba, não significa que a pessoa é incompetente ou odiosa, significa apenas que não há interesse.
                 O amor é um jogo de interesses no fim da contas, alguns se mantém interessados mutualmente outros se encarceram ao interesse individual tentando suprimir a falta do interesse do outro. Muitas vezes nos mantemos tão angustiados que não aferimos o nosso interesse e o do outro. É na pausa do som que a música faz falta, que a mágica acontece. É na percepção de nossos sentimentos que encontramos a sensibilidade pra sentir os sentimentos dos outros.

Livremente aprisionada

Mais uma estrela brilha
embora céu não haja.
E tudo que me habita
é também o que descasa.
Aguardo o som,
ele quebrará meu silêncio.
Regulo, pondero, escuto e durmo.
Minhas paixões mudaram e o som não chega.
Meu coração não bate, me espanca.
Surtos aos fins de tarde...
"Tenho que fazer algo!"
Não acho.
Até encontro, mas sinto medo.
Melhor culpar a indisciplina que a incapacidade.
Em fim, movo-me.
Estrelas de lugares diferentes,
elas ascendem e apagam.
Eu continuo aqui...
Cadê o som? A notícia?
Estudo necessidades humanas,
raciono as minhas.
A janela do 6o ainda tá acessa.
Me sinto só, me recuso a sofrer.
O telefone não toca.
Leio por obrigação e para driblar as horas.
A angústia acaba depois do poema,
no sal e na água.
A luz do 6o é apagada.