domingo, 27 de setembro de 2015

Depois dos dramáticos efeitos


Inovador

               Não quero sugar todo o seu leite, nem quero você enfeite do meu ser

Não importa com quem você se deite, que você se deleite seja com quem for

               Haverá um lugar comum e fora dele é uma questão individual

Apenas te peço que aceite o meu  estranho amor

               A raridade do encontro, onde não é preciso de esconder as tristezas de um mundo violento. Muito menos se furtar das alegrias da partilha.

O que está depois dos dramáticos efeitos?

                O pesar da falta

E sigamos juntos?

                 E desde de que eu me perdi de estar apaixonada, estranho o samba, evito ir a lugares e encontros. Estranho o lugar diferente em que nos encontramos.
             



Linguagem

Cada ser humano utiliza uma linguagem própria, para além da palavra. Como se veste, as manias, as pausas na fala, os silêncios, o jeito como interpreta a vida. Há pessoas que a leitura e a comunicação é mais fácil, comigo são as mais diferentes pessoas. Há as que divergem radicalmente das minhas posições políticas, e que por alguma razão estabelecemos uma linguagem por estarmos ligadas por uma vontade pontual. Há as que concordam com minhas posições políticas e simplesmente não conseguimos falar, ou manter um contato por não haver nada que nos ligue. Essas ultimas são as que mais me entristece. Tantas palavras que poderiam nos unir, silenciadas por desejos opostos.

O roteiro


Pousou suavemente os dedos nas plumas de minha fênix,
viu que há mais sentimento que pele,
falou baixinho em meu ouvido "voa", 
segurou minha mão ao primeiro impulso de esquiva
e no outro ouvido pediu "volta".
Atordoado apelou para poesia em minha nuca,
onde pousou os lábios.
Vi o universo se expandir em seus olhos,
lendo e relendo o meu ombro direito
a petulância do grifo árabe revolução até a vitória.
Me convidou pra dançar,
tropeçando aceitou meu desajeito,
se pôs imperfeito,
me deixou à vontade, se pôs a falar...
O que disse não sei.
Era pra ter paciência, mas só tenho asas.

Estrangeira


Cito poetas, que se dizem nada.

Me refaço do que não tem nome.
Sou acusada de pequena burguesa,
E de tal crime subverto a ordem.
Deliro de ligeiras ousadias
Me disfarço de pedinte pra assassinar a hipocrisia.
Minha história é meu latifúndio
Partilhei com os camaradas 
Fiz da vida de mulher alienada,
Uma terra produtiva.
No desencontro é que me acerto,
E no encontro é que me transformo.
No teu gesto heroico, faço sátira.
A liberdade de não entrar pra história. 
Sou o oposto, o verso, o incomodo. 
E assim, me orgulho de não calar,
E me engrandeço de não envaidecer.

Minha historia

Nunca fui sedutora, nem dada a jogos.  De verdade esperava a poesia que trouxesse da calçada oposta o grande amor, mas nunca trouxe, ao contrário sempre afastou. Nunca fui boa poetisa, apesar de ter escrito um livro. Acho que se tivesse iniciado a análise nesta época pouparia o mundo de versos tão frágeis e bobos. Não sei tocar minha viola, me falta concentração e determinação. Já pintei telas, também não dei pra essas coisas, minha impressão é que ficou em algum lugar do passado quando o tempo livre me permitia dedicação de horas em função do desenho. Tentei dança do ventre, mas não me dei tão bem, na realidade acredito que não sou graciosa para dança. Fiz jiu jitsu por um ano, cheguei a finalizar uma luta com um cara que treinava antes de mim, mas nem peguei a faixa, vivia cheia de hematomas e aos poucos foi deixando de fazer parte da minha vida. Fui do PT, mas não dei conta de tanta pilantragem. Aos 17 passei no vestibular de nutrição e nem sabia que nutricionista passava dieta, hoje os estudos mais avançados comprovam que dieta engorda, eu não estava não errada afinal. Entrei para o movimento estudantil, mas também não era vanguarda. Fiz curso de massoterapia, mas não me conformei em trabalhar com estética. Dei aula de inglês pra crianças, mas não falo nada. Em 2010, vim morar em SP. Fui divulgadora de uma escola de inglês e não vendi nada. Virei secretaria, mas não sou organizada. Fui web designer, mas o corel ficou com ultrapassado. Compus uma equipe de saúde, era qualidade de vida no trabalho, mas o programa acabou. Entrei para o Nasf, apaixonei por saúde mental, mas não manjo dos paranaues de compensar pacientes e me questiono se o poder de compensar estaria apenas nas mãos do paciente enquanto que nas minhas estaria mostrar novas possibilidades. Fiz o primeiro módulo de francês, mas nada sei, só gosto do som e dos filmes. Construi um partido politico internacional, mas não dei conta de construir a revolução. Sou alguém de boa vontade, coração puro, retirante do interior de Pernambuco. E dessas o inferno tá cheio.



sábado, 24 de janeiro de 2015

Pobreza e obesidade

Olhos distantes e palavras afiadas,
Não há paixão, nunca ouve.
Restos do emaranhado de solidão.
Sertão da alma.
Quem lhe sugou a vida?
As misérias.
Feridas de menina,
restaram as cicatrizes.
Feridas de mulher,
restaram as cicatrizes.
Feridas de mãe,
abertas, repugnantes, incabíveis.
Alardeia a dor, no escambo por afeto.
Não fantasia, não abstraí.
Corpos inocentes lhe restam,
torturas do amor pobre, egoísta.
Toneladas de culpa,
mensurando a obesa realidade.

sábado, 3 de maio de 2014