sábado, 23 de junho de 2012

Manifestoema contra finais machistas

Junte os pedaços,
faça os devidos reparos.
Ainda há tempo, vá e faça!
Não há problema em ser sincero.
Eu sou uma história, não uma tralha.
Isso é o melhor que você pode fazer?
Não basta.
Não me pegue, não me pague,
E principalmente não me apague assim.
Eu mereço um outro desfecho,
só por ser humana, como todas as outras.
Sua paralisia me entristece,
e pouco a pouco eu me ergo embrutecida.
Você não precisa destas contradições,
já temos tantas outras para nos dedicar.
Me faça entender sua doença e cure-se.
Não! Não fuja, não use, não se entorpeça.
Se salve, se segure antes do abismo.
O sofrimento em si não redime, você deveria saber.
Quer ser livre? Liberte quem está a sua volta.
Me liberte de saber que parte de mim foi perdida.
O que eu quero parece impossível,
não é amizade, não é amor, não é vingança.
Quero solidariedade e confiança,
mas só porque sem isso não há revolução.

Na avenida. Uma discussão política, um salto. A vida cravada na divergência. A vitória. Os dias têm sido estanques. Um interesse afetivo. O desapego. Novas músicas. Construção de amizades. Um novo momento. Alegria em família. Ficar em casa. Impasses, ciência, impaciência. Estou à espera das desculpas, as verdadeiras, que não chegam. O óbvio é cruel. Estou em vias de falecimento, moribunda, mórbida de curiosidade. Hoje eu dançaria até o sol raiar. Estou raiando num dia frio. Sentimentos confusos e a busca por certezas. Agora as palavras complicam tudo.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

"...nem sempre felizes"

Os créditos subindo, um papel de bombom sendo amassado, o sol se pondo," ...ele queria era falar com o presidente pra ajudar toda essa gente que se faz sofrer", a última página de um livro sendo lida e depois o livro é fechado, pedreiros finalizando uma obra, "que seja eterno enquanto dure", a primeira briga, os talheres sendo colocados no mesmo sentido virados para o lado esquerdo do prato, uma pessoa assinando o ponto às 18h, amigos saindo para tomar cerveja, aplausos numa peça, o azeite na salada, alguém se queimando com uma baga, alguém com bolhas nos pés, uma flor murcha, uma arvore derrubada, o prato vazio, a segunda briga, Brasil campeão da copa 1994, alguém trancando a bicicleta em casa, Mohamed Ali noucateando, Anderson Silva noucateando, Senna batendo, um avião decolando, um avião pousando, a terceira briga, o sono depois do gozo, a nave da Xuxa, a volta da praia, alguém sendo preso, uma mulher estuprada, um bêbado atropelando alguém, beijo do gordo, a camisinha sendo jogada no lixo, a quarta briga, benção mãe - deus te abençoe minha filha, tv desligando, seu chefe te falando você é um ótimo profissional, mas não se encaixa no perfil, o primeiro programa de uma prostituta, a primeira vez da filha mais velha em confissões de adolescentes, R, Lula eleito presidente, ceia de natal, virada do ano, um filho saído de casa, um filho indo para guerra, bum bum bum o castelo ratimbum, alguém desistindo de não se molhar numa chuva, a quinta briga, alguém recebendo um teste de gravidez, uma criança nascendo, uma mulher casada paquerando outro homem, uma mulher denunciando um homem numa delegacia de mulheres, alguém vendendo um carro e pagando as contas, alguém comprando um carro e ficando no trânsito, balada, entrega da faixa presidencial, Stálin, sétima briga, a distância entra dois pontos, alguém salvando um arquivo, alguém clicando em sair, um homem fazendo a barba, quem com ferro fere, com ferro será ferido, alguém dormindo, a nona briga, o som rompendo com o silêncio, o tapa na cara, o ponto. Final?