quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Recompensa


Luz no fim da tarde, fim do dia
tristeza se confunde com agonia.
A solução é pensar que tudo vai cicatrizar.
E abrir a janela da fantasia...
Chegou a hora de ser o que eu quiser,
Menina, adolescente ou mulher...
Dançar do meu jeito, assim desatinada,
lembrar de uma música pra não lembrar de nada.
Eu posso descobrir um belo poema
desse jeito não há dor que eu tema.
Deixar os olhos bem abertos pro amor,
e o coração escancarado pro que for.
Comer sem precisar me machucar,
sorrir sem precisar representar.
Chorar se preciso,
ou conversar com algum amigo.
Ficar indignada com o mundo,
pra seguir mudando tudo.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fusos

O tempo do mundo,
o tempo do trabalho,
o tempo da minha cabeça.
Fusos desajustados,
Lá é sempre horário de verão,
enquanto vivo o ano todo beira-mar.

domingo, 28 de outubro de 2012

Seja no ar, amanhecer, saudade vem e vai, amor é quem me levará à você!


Como seguir?

Tempo e silêncio confundem-se,
juras de amor e medos também.
No alto do desejo sintomas,
na carne sofrimentos.
Mais um homem se perde,
a marcha lenta do exercito estagna.
É hora de fugir.
Escavar o que se sente,
semear novas palavras,
Precisamos ir.
Com tudo e apesar de tudo.
A história sempre segue.

Decodificando o tempo

Vestígios de dor
Tragos de desprazer
Culpas insanas
Tudo está aprendendo a passar.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A mesma tribo

Nós que trabalhamos essas terra,
nelas também cantamos e dançamos.
Pra onde ir?
Sua soja não nos nutre,
Seu gado não sacia nossa fome,
Sua ganância nos mata.
Não queremos tua família,
somos uma tribo.
Não queremos migalhas,
somos a justiça.
Á beira da estrada tantos se foram,
veio sua modernidade, nosso medo.
Não acreditamos em teus chefes,
temos apenas nossas vidas.
Se não bastar, que resolva nossas mortes.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Na boa pai...


À queima roupa

Face sóbria,
ajuste dos relógios da alma,
cura-rima ou cuidados paliativos?
- Dentro?
Está certo desta pergunta?
Pois é, eu ainda grito.
Com todas aquelas coisinhas,
as que eu sei, as que esqueci e as que não vejo.
Seria de dor ou de alívio?
Talvez.
Eu sempre morro de talvez.
Lá na lápide vai tá escrito...
Aqui jaz o que poderia ser feito com a sua presença.

Não enviada (pós adolescência)


   
                Ao encontrar umas coisas perdidas em mim, o impulso foi querer lhe abraçar. Não pude. Você não estava, não queria estar por perto. Portanto, me vi só. Sei que vou sobreviver a isso, e que também há palavras pra me confortar (ainda que seja eu quem as escreva). Aprendi a manejar o incomodo da sua ausência. A falta de elementos que constituam sua figura aos poucos foi substituída por outras pessoas, e até por mim.
                Quando bem pequena, encontrei uma bolha de alegria no meio de um turbilhão de brigas. Mas os conflitos continuaram, se intensificaram com essa bolhinha. Então eu comecei a mentir, culpando outras pessoas. Eu amava essas pessoas, ainda as amo e estou triste por misturar todas elas num enredo estilo Almodóvar. Fiquei com medo dos olhares, tive o mesmo pesadelo todos os dias, até os quatro anos. Eu sei que não faz muito sentido falar tudo isso pra você em metáforas, só que foi a forma que eu pude encontrar.
                Revirando isso em mim, me veio culpa. Uma criança tão pequena não é culpada, eu sei. O problema é que foi aí que o começou essa loucura toda. Agora estou sem coragem para falar para minha mãe, não é medo, mas um tanto de não sei o que. Tá tudo tão complicado na minha cabeça. Me sinto tão estranha. Não há nada de novo em ser estranha, isso sempre me acompanhou. Fico me perguntando onde está meu jeito de resolver as coisas e pronto. Sei o que devo fazer, não faço. Não me sinto segura. E também não sei quando vou me sentir.
                De que serve minha vida? Unir minha família? Construir a revolução socialista? Ser feliz por não saber se terei outra vida? Salvar pessoas de uma vida vazia, ou melhor ocupada pelas mazelas do capitalismo? Vasculho, não acho. Talvez seja um tanto de tudo isso, ou nada. São tarefas grandes demais pra mim. Todas elas. O que depende de mim? O que dependerá dos outros?
                A frustração de não conseguir cumprir nada daquilo que me propus é pela única razão lógica da falta dos outros. A infelicidade, a dor, a tristeza, o parto, a culpa, a doença, a morte. O degrade dos sentimentos, a falta completa de arestas. Queria falar de como eu me sinto pra você. E como lidar com quem não quer saber? Será que suporta saber?
                O que me cabe é procurar formas de suportar, pois embora ainda não ache serventia para esta vida, ela é minha.

Vergonha



Resíduos humanos,
histórias mal contadas,
Ali, por trás da montanha do medo.
O desejo imerso da dor?
As nossas culpas e a feiura da vida.
A razão, a fuga, o sorriso -máscara.
Está tudo se desmanchando,
tudo vai passar, embora tudo fique.

sábado, 20 de outubro de 2012

Preguiça

Hoje tá pra existir,
a bagunça está lá,
mais o mundo está aqui.
Louça pra lavar, casa pra varrer,
pode esperar,
até amanhã, hoje eu quero escrever.
Deixa a chuva cair,
o sentimento pulsar,
a vida sorrir,
preciso dessa brecha de amar.

Três décadas e um grande rumo



(inspirado na obra Quando a Revolução encontra a Arte, de Mácia Teixeira)

Bocas são feitas pra gritar,
Ofício do desespero.
De onde ecoa a liberdade,
também brota desejo.
Erguem-se os braços,
pelas entranhas da terra,
e na escuridão da ignorância conformista,
resiste a incandescência da vida.
Tão alta, bela e cravejada de mortes,
Marx, Lênin, Moreno, Frida e Trotsky...
todos decompondo-se nesta aridez do mundo,
fertilizando a vida da nossa corrente,
Um canteiro internacional,
enfeitando o caminho pra outro rumo.
Justo, humano, apaixonado e sentimental.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Segue a rima

A gente vive e depois encanta-se,
cai depois levanta e conta,
lembra pra esquecer,
gargalha por não sei o quê,
fala esperando o silêncio, no fim da noite.
E passeia leve pelas horas pra rever...

Degustar cada traço-riso da história,
Observar o cotidiano de outra vida,
Guardar sutis delicadezas,
Suspirar por entre virgulas,
Ver o pulsor pulsar,
meio sem ter o que falar.

Que o sono traga belos sonhos,
afinal tá difícil superar a realidade,
com toda sua imensidão,
sorrisos brotando na rima dos lábios,
e o infinito como mais provável possibilidade.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Abaixo ao amorfobia!




Tomara que o amor te salve,
te mova, te impulsione, te torne sábio,
e que ele não te mate.
Abandone os paraísos,
sofra e se transforme,
supere seus abismos.
Goze, e se farte de felicidade.
Rompa os acordes,
Serene-se.
Pois sobre os escombros de quem ousou,
dançam corpos ignorantes,
gargalham de crueldade,
esfaqueiam quem ama.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A safra

Degustando sentimentos, sensações e canções.
Papilas dos sentidos abertas,
Construção de possibilidades.
A necessidade da dialética,
cravejada na beleza da história.
Semeando contradições,
colhendo poesia.

domingo, 14 de outubro de 2012

O John Reed da fronteira


Não se sabe se nasceu quando teve vida,
poderia ser com o primeiro skate, o primeiro acorde,
ou ao vestir sua primeira tricolor camisa.

O menino-homem preferia o futebol,
não gosta de lutas individuais.
Prefere o time ganhando ou perdendo,
ele é um coletivo que conhece bem os seus rivais.

Sai das maçãs em busca de vida,
diverte-se nos estudos,
veio pelejar no concreto.
De todos faz equipe, libertando dos instantes mais tristes.
Alegrando com suas sacadas de mestre.

Seu ofício de aventura o fez pousar em outras terras,
não foram 10 dias, mas sua jornada abalará o mundo!
Foi do quente-úmido ao frio seco,
carregou algumas roupas, sua companheira e uma vitória.
Na volta me trouxe uma boneca peruana,
e a certeza de ser feliz por acompanhar sua história.



Este poema é dedicado ao meu grande amigo Jean Longhi

Prazer, com uma pitada de dor...


É a dor que deveras sinto e ponto.



Comecei a escrever bem pequena, sei lá... com 8 anos. Era um misto de descoberta e isolamento do mundo real. Umas rimas toscas, algumas ainda continuam. Não gosto de poemas, não os meus. E há até um tom de constrangimento quando gostam deles. Contraditoriamente ao alguém demonstrar isso há um sentimento de vaidade embutido, enlatado em mim. Se eu pudesse faria canções, notas musicais são mais certeiras e belas que palavras. Entretanto, não escrevo para embelezar o mundo, ou despertar qualquer sentimento semelhante. Escrevo pra não me entregar ao abismo desta vida-morte que é existir. Isso é bizarro porque traduz minha relação utilitária com as palavras, é um jogo de manipulação para impedir a loucura, ou quem sabe até suportar viver nela.
Em todo caso, se me cabe algum conselho, quando os seus filhos estiverem fazendo um poema que fale deles mesmos, ponham-os de castigo jogando futebol ou brincando na praça. As palavras podem ter efeitos devastadores na vida de uma pessoa. Pode impedir que eles sintam a vida, e fiquem nessa obcessão pra nomear tudo o que sentem.
Bem, se fosse pra eu ser poeta, aqueles de verdade falaria sobre a vida embaixo do cobertor na esquina da minha casa, o japonês já velhinho tentando se matar enquanto as pessoas continuavam seu almoço calmamente, as maravilhas que o Neymar vem fazendo com a bola, os terrenos da paixão do homem. Todavia (e eu pobremente ainda utilizo as clássicas conjunções adversativas aprendidas na escola), falo só de mim, sinto vergonha desse egoísmo disfarçado de beleza. Já não sei ser de outra forma. Espero aprender a ser, entre as possibilidades de reinventar-se espero poder virar poeta. Se não conseguir que ao menos encontre outra forma mais nobre de barrar minha sagrada loucura da sanidade.

Sem mais,

quem escreve neste blog.



Antropofagia do gostar

Janelas da saudade abertas,
lá vem eu, lá vem ela.
Jamais conseguirei sentir a solidão,
só me vem o repouso das palavras,
aquelas pelos queridos pronunciadas.
Ah, falta tão bela,
deve ser porque não é ausência,
uma celebração da minha própria história,
embaraçada, cravejada, transformada,
por ilustres presenças.

sábado, 13 de outubro de 2012

Promessas

Só quero falar de quem merece,
e faz algum sentido na minha vida.
O japonês velho suicida no almoço,
o cantor triste de folk do restaurante,
Freud, Marx, Lênin, Zizek...
E quem fez algum sentido um dia?
Bom proveito do que ensinei,
estou aprimorando o que eu aprendi.

Agora sem culpas


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Resíduo - Carlos Drummond de Andrade


De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).
Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.
E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.


Ao meu pai

Não... Ele não me pegou pela mão.
Nem me disse que estava na hora de voar.
Eu não quis.
Não queria me desfazer da segurança das grades,
do alcance da comida, do público certo pro meu cantar.
Mesmo assim me expulsou da sua vida,
retirou a gaiola, ignorou meu canto.
Deu as costas e se foi.
Desde então eu tenho ido, como ofício.
Procuro ele e não encontro, mas não desisto.
Vez em quando penso vê ele aqui ou acolá.
É pior, porque dói quando não é.
Hoje estou pensando desistir de procurar.
Aceitar que dói e pronto, não tenho gaiola mesmo.
Acho que já nem preciso.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Manual

Um soco pode te deixar bamba,
zonza, convulsiva, mas acima de tudo te deixa viva!
Tão logo defesa, tão logo esperteza,
e a certeza da vida após o golpe
na realidade é preciso muito mais pra te derrubar.
O inimigo é a morte, não o adversário.
Ele é só um parâmetro para os limites.
Essa paixão pelo mundo,
por mais que se treine é na hora da luta que está a verdade!
A ciência de se viver,
por mais que se morra é na vida que estão as oportunidades!

Live


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Conquista

Ê, é de Iemanjá rainha pra ter
tanta exatidão depois das reviravoltas do mar,
na proteção da confiança que profundidade pode chamar...
Vivi tempestades pra chegar aqui,
dançar em sonhos da vida que eu quis.
Conquistar o respeito e o corpo fechado,
sem nenhum Exu danado a me perturbar.

Relação utilitária com o mundo


Cadê?

E quanto ao amor?
Enquanto o amor.
E tanto, amor.
E, ou?

Assaltos de prazeres

Pelo acorde, pelo velho itinerário,
entre as frestas da janela,
a porta entreaberta do armário.
Vai saltando a beleza.
Quem suporta as palavras?
E vê o que nelas abriga?
Sempre chove, e não se vê.


Do precipício

Basta um veículo, uma aposta,
pra se aprofundar.
Habitar uma vida é demasiado frágil,
um tanto intenso e covarde demais.
Vazios sem sentido,
felicidades sem motivo,
de fundo triste pra enfeitar o cenário.
No contraste que as cores vibram,
no degradê que a experiência age.
Tudo sempre esteve bem ali ao alcance,
às vezes tarda pra aprender como tocar.


Dissociações



Deixa ir, que eu venho depressa
que a correria lá fora está dispersa.
Deixa vir, que eu vejo arquipélagos dentro de mim.

O tempo me socorre a cada instante,
Meus corais morada, tão errante.
O mar leva, lava e eu já não quero que ele traga.

Iemanjá leva minha culpa,
Fecha o meu corpo das desculpas,
Inda que a maré esteja baixa, ainda nesse molhado seco.

O tempo me socorre a cada instante,
Meus corais morada, tão errante.
O mar leva, lava e eu já não quero que ele traga.

Guardar recordações da violência das águas,
Ruínas hão de aparecer,
ele vai encher até tudo transformar.

O tempo me socorre a cada instante,
Meus corais morada, tão errante.
O mar leva, lava e eu já não quero que ele traga.

Habitar as ruínas ou aprender a nadar?
Metáforas a fora, o disfarce, o dom da dor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O que vai restar?



Exilar-se de quem se ama,
desmoronar-se, derreter-se, afogar-se.
A vida dói como um drama ensaiado,
que nos exige improviso,
mas tá difícil, é quase morte improvisar.
Vejo o mar da culpa,
e eu não sei nadar.


sábado, 6 de outubro de 2012

Sem rimas, sem vacilos e sem delírios

Aplausos, é isso que queres?
A realidade é o silêncio,
o sofrimento calado e débil.
Indignação, é isso que pensas faltar?
Ela está lá, todos os dias,
na covardia de quem já não confia em si,
nas dores das traições sucessivas.
Nobreza moral, é isso que mudará o mundo?
O concreto é o pesar dos dias,
a auto intitulação nada vale,
há pouca prática e muitas verdades.
Vida, é essa a sua oportunidade?
As felicidades plenas do seu corpo,
ou uma vida espartana nada valem,
São duas faces da mesma moeda alienada.
Ser humano, é isso que queres ser?
Dia a dia, todo trabalho é de máquina.
Aprisionam toda coisa humana,
disso ninguém escapa.
Então me perguntas porque luto.
Um misto de gozo da cara da burguesia,
a busca pela verdade libertadora real,
com a única oportunidade de fazer minha, a minha vida.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Falta

Hoje eu chorei de falta,
não havia mais o cherinho,
nem calor, nem violão, nem verso.
Êta falta danada,
tem a minha idade e é tão nova.
Desce na minha cabeça,
e minha boca salga.
Falta... Isso move o mundo.
Mas se continuar me movendo
garanto que morro.

Procurar o mar


Tive um sonho e geralmente eu não sou de ter sonhos. Não me sinto muito confortável de contar detalhes dele neste espaço. A parte intrigante era o medo do mar. O medo de tudo inundar. De outro lado havia a segurança que o mar não subiria. Mas e se o mar subir? Se a maré encher? É tanto medo da vida, é tanto medo da morte. 




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O toque do amor

Sinto, sentes, sentimos...
É o amor na ponta dos dedos.
A vida em seus detalhes,
aqueles que mais nos tiram do sério.
Os músculos da face desabrochando,
o acaso, a conversa, o reflexo da reflexão.
A força insana que só o gostar guarda,
Me deixe produzir este silêncio,
a ressalva exata.
E construir a calma para o inesperado.
Dança aqui em meu peito,
celebrando a união humana, profana, banal.
Preciso da terra pra ganhar o mundo,
careces de sol para brotar.
A isolidão companheira vem semeando,
enquanto multidões colhem a safra do amar.

Um "como vai?"

Na mente o clichê
quero tanto, pronto, bruto
saber de mim
saber de você.
Lembro do amor...
sincronismo, sarcasmo, sorriso.
Ele se mudou,
levou os defeitos que eu não via,
com todas as qualidades multiplicadas.
Moro no vazio.
Na revelação em cada dia, o sentido.
Igual ausência sem físico.
Horas nunca existiu, história.
Instantes de saudades presente, resquícios.
Segue, sigo, segues...
Verbos vazios,
não sem contradições.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O custo do voto

Parei pra pensar que o voto não custa nada, mas custa muito. Não custa dinheiro pro trabalhador, embora custe algumas migalhas para quem paga por ele. Custa muita ilusão que alguém mudará nossas vidas. Custa muito tempo para a gente descobrir que só com outros trabalhadores mudaremos algo, na verdade mudaremos tudo.