terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O tempo de espera pelo amigo verso

Busco o lugar em que as palavras se escondem. Queria escrever um verso ensolarado, como o dia que raia no trem que me leva ao trabalho. Todavia, ele não está aqui. Onde foi parar meu amigo verso? Quem viu? Se você achar ele por aí diga-lhe que há muito o procuro, que desde que ele me abandonou chovo todos os dias. Fala pra ele que às vezes eu finjo que nunca foi embora, e nessas horas é pior, pois no instante seguinte cresce a sua falta, é um verdadeiro temporal.
Hoje soube que uma paciente queria fazer terapia com a nutricionista (no caso eu), que após a conversa de acolhimento que tivemos ela parecia muito bem. Fiquei emocionada, mas não achei o tal do verso. Durante um bom tempo o verso vinha numa emoção diferente, agora já não é assim.
Minhas emoções parecem afastar ele. Talvez ele apareça quando for para emocionar os outros, não a mim, não mais. Será que aquela paciente viu o verso? Será que o traria de volta pra mim? Será que ela me acharia louca se perguntasse?  Acho que sim.
Quero me preparar para sua chegada. Decorar a casa, comprar um vinho ou uma cerveja e baixar um blues até então desconhecido de meus sentidos. Já tenho intervenções poéticas espalhadas pela casa em adesivos e fotos dos meus queridos atrás da porta de entrada.
Acredito que também vou precisar de pessoas, as quais possam acolher o verso. Essa é a parte mais difícil, padeço do mal do ciúmes. Escrevendo assim parece egoísta e ilógico, visto que os momentos que o encontro não são só meus.
Acabo de sentir que ele está próximo. Estarei sempre aqui à sua espera e repleta de saudades.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Solidão, só ouço o som do não

Objetos trincados,
semblante entristecido.
Confusão.
São dias sem notas,
desfechos inusitados.
É o ofício abalado,
o amor fictício,
uma cidade amargurada,
não saber pra quê sirvo.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Mudanças, tempo de espera e a falta

Mudanças

Nos últimos tempos tenho percebido detalhes que não percebia antes. O quanto eu sou diferente e ao mesmo tão igual aos outros. Qualquer forma de imposição cujo o resultado é aceito ou rejeitado por ser uma imposição torna-se mero adereço ao ego de quem as impõe. Pensar junto é complicado, exige uma habilidade de expor os próprios pontos de vista  e misturar com os dos outros. Muitas vezes as perguntas são mais impactantes que as frases feitas. Estar disposto a compreender sem abrir mão dos valores e sentimentos é um dos exercícios mais difíceis que eu encontrei. Meu impulso primitivo ao ouvir algo que eu discordo é querer impor o que eu penso, com isso me afasto da possibilidade de ser escutada. Portanto, de pouco vale. Uma música fala de força e delicadeza, penso no quanto essas palavras se misturam e completam, sem se opor uma a outra. É preciso força pra ser delicado, e o contrário é completamente verdadeiro.
 
Hoje, o importante pra minha vida é bancar justamente aquilo que eu sou, os gostos que me tocam, as escolhas que faço, os sentimentos que me surgem. Mas, isso não significa que eu sou estática, o mundo me transforma, eu transformo o mundo e isso é inevitável.

Tempo de espera

Penso numa história de "apaixonamento" pela qual passo hoje, senti falta dele nesses dias, do seu riso, da sua doçura, da sua presença. E como qualquer outra pessoa em vias de "apaixonamento", fico à espreita por uma mensagem, um telefonema... Que não chega. A ansiedade é um sentimento traiçoeiro, visto que é composto de fantasia. Imaginar que o outro não está assim tão envolvido, ou que deve ser o jeito dele, ou que deve estar com outra pessoa e logo eu não sou tão importante assim. Possibilidades de inventar conclusões é o que não faltam, poderia citar músicas tanto da Sandy quanto do Chico Buarque com a mesma temática, pois é completamente humano a fantasia na espera do outro. Nenhuma delas de fato é real. O que há de real é apenas a falta, a saudade. Aquilo que sinto, que pode ficar mais forte ou desaparecer com o desenrolar da história. O controle dos pensamentos e sentimentos dos outros parece ser bastante inútil, aliás ganha utilidade nas artes, quando damos um destino nosso para nossas angústias. É preciso leveza para que o outro tenha a liberdade de dizer o que realmente sente e firmeza de bancar o que se sente.

Como a falta é preenchida

Pensando bem, é preciso tempo pra descobrir o que estou sentindo, do quê sinto falta. Do que realmente me faz falta. Sem imposições, deixando apenas que a força do sentimento adquira seu real tamanho. Pra quem esperava uma mensagem, veio um texto, que faz parte de mim. Saudações às surpresas e encantamentos da vida.