domingo, 5 de agosto de 2012

Um final feliz


Nos cabemos em qualquer lugar, um no outro. Pelos corredores do prédio, pelas ruas e praças. Não há palavra que possa desenvolver essa explosão de vida que brota em nós. Quadros, fotografias, filmes, músicas, poemas, crônicas, livros, perfumes, gostos, peças, texturas, esculturas... a beleza que partilhamos só poderia se aproximar com a expressão em todas as artes. Ainda assim, não conseguiria registrar de uma só vez nossos momentos. Trata-se de vida, meu caro. A vida que nem eu nem você teremos separados.
                Aprendemos juntos a nos descobrir. É um labirinto de emoções superiores da existência humana. Seu toque, o nosso som com a sua entrada em meu corpo, os beijos a serem descobertos, os líquidos dispersos,  o encaixe exato, os inúmeros tipos de orgasmos e gemidos. Não deixo de mencionar aqueles que ainda não foram descobertos. Elaboramos juntos essa forma de amar.
                Me deparo com a beleza reduzida das lembranças. Cada um segue seu caminho. Você desistiu dessa beleza, talvez prefira outras. Eu terei outras belezas pra viver também. Desnecessária a forma como conduzimos este final, mas é o que temos agora. Ella Fitzgerald, a trilha sonora do ultimo ato seguirá em minha lembrança. Retratos, conversas, e recordações vão tomando distância. Nunca saberemos o que poderia ter sido, o que foi se foi. Me restou mais um poema.

Fim
Primeiro se vai o cheiro,
a lembrança vai ficando distante,
o que poderia ter sido se esquece.
Seguimos.
Entre outros corpos, a procura.
Até chegar o novo
e assim poderemos nos libertar.


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